quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

ENTREMEIOS


Estranha a mente
o laço aperta
a voz rebenta
a dor começa
nos embaraços
criam-se frestas
Por onde ver
o que interessa?
pelo meio,
pelo fio?
pelo apelo
ou desvio?
trava, acorda
a força desse elo
de ponta a ponta
eu me revelo
por entremeio
onde se encontra
o nó na linha
que alinha o belo.
Ditto Leite 22 junho 2014






RIO MEANDRANTE

Foi numa sequencia continuada de si mesmo que o vi partir.
Fugidio daquilo que não entendia ter, provavelmente, incorporou-se a um ultrassom que legitimava seu movimento.
Desbravando as curvas do seu querer, adulterando suas descobertas, deixando escorrer.
Um braço de rio que sai, rasgando a floresta, desnudando-se diante da natureza de seu curso e buscando um caminho pra ser.
Aquilo tudo me assustava mas, condizente, diante daquela mutabilidade de seu tempo líquido, passei a contemplar a expansão de seu transbordamento.
Rio de meandros divagantes que, em suas voltas, termina por abandonar o que de si já não pertence mais.
Por essas águas naveguei meu corpo, alimentei a terra,
chorei minha infecundidade no estanque de suas secas,
vi banhar mulheres e homens.
Águas a se estenderem na profundidade da sua fonte.
Levam tudo, tudo leve,
do extremo e justo, meu coração,
e me afogam, quando minha alma quer respirar.
( Ditto leite 20/09/2014 03:10 hrs )