nem me estende a pele,
mas satura um gosto fresco
de desejo
que, no oco das minhas cavidades,
reverbera ecos de um grito rouco e
quer cantar
A solidão que me atravessa
estende em mim seu acampamento,
faz de mim abrigo enquanto
só
sinto no peito,
pesar
sinto no peito,
pesar
velando meus pensamentos
numa noite fria que não parece terminar
numa noite fria que não parece terminar
A solidão que me atravessa
estrutura em mim a ponte,
revela a passagem do tempo mais denso
Me afoga
Me afoga
mas não me mata e,
depois, como uma correnteza,
passa,
deixa em meu corpo
um lodo, uma argamassa
Assim que testemunhada,
a solidão atravessada,
sorrateira segue, me deixando
na estrada
na estrada
Mas reparando bem,
nos rastros da malvada,
é onde encontro os elementos
para reestruturar
minha morada
Ditto Leite