No vão da cama
Sentado na pedreira com os pés descalços, o menino chorava
às suas costas, seu passado murmurava
na forma de um quintal, de terra vermelha, um circo infantil de sonhos eternos
Muitos animais e árvores frutíferas
como sua mente que, enquanto naquele cenário, flamejava
ideias de gigantes
quando agora na memória retarda
foge como seus barquinhos de papel pré-escolar na enxurrada
que seguia correndo, sem medo da água
Correr era de praxe, fosse na água, na areia, na grama, na Rua da Saudade
– Pega ladrão!
Sentado na pedreira com os pés descalços, o menino chorava
às suas costas, seu passado murmurava
na forma de um quintal, de terra vermelha, um circo infantil de sonhos eternos
Muitos animais e árvores frutíferas
como sua mente que, enquanto naquele cenário, flamejava
ideias de gigantes
quando agora na memória retarda
foge como seus barquinhos de papel pré-escolar na enxurrada
que seguia correndo, sem medo da água
Correr era de praxe, fosse na água, na areia, na grama, na Rua da Saudade
– Pega ladrão!
Quem roubou minha feliz cidade, meu tempo de tamanha ingenuidade?
Onde eu estava e não era, olhava as coisas sem o medo de esquecê-las
Lembrar dói... e eu não quero crescer
Onde eu estava e não era, olhava as coisas sem o medo de esquecê-las
Lembrar dói... e eu não quero crescer
Ai, que choro aflito! Que rancor por ter crescido!
O choro se prolongava e vozes amáveis alentavam sem muito argumentar
Eram suas irmãs:
– Você esta tão bonito, tão melhor agora...
Mas a criança não tinha nem esperanças de ali continuar
Seu desespero era fanático, e, quanto maior fosse, só o faria acordar
Acordar era como morrer
E assim foi, seus olhos se abriram
as lágrimas seguiam correndo e lavando aquele lamento
Agora já tão rapaz, no vão da cama chora sozinho e apela ao desapego
as lágrimas seguiam correndo e lavando aquele lamento
Agora já tão rapaz, no vão da cama chora sozinho e apela ao desapego
– Esquecer, quem me dera, o sabor o cheiro e as brincadeiras de outrora
amadurecer é, pra mim, quimera
Adeus terra do nunca
Já não sou Alice, Peter Pan, nem alguém que um dia era
amadurecer é, pra mim, quimera
Adeus terra do nunca
Já não sou Alice, Peter Pan, nem alguém que um dia era
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