domingo, 17 de outubro de 2010

Primavera, outono e inverno

Como encantamento, num vestido, me ponho a rodar. Dentro do meu quarto, em cima da cama, a rodar. Enamorado, entorpecido e suspenso, embalado pelo tempo: 1 2 3, 1 2 3, 1 2 3. Eternos, internos, tão ternos no meu isolamento. Não consigo parar porque, realmente, acredito que as estações são únicas nesta ilha contida em mim. Passo a passo, 1 2 3, 1 2 3, 1 2 3, afloram e padecem em mim, no meu isolamento. Agora, minha casa é um palácio onde a natureza impera.

Chove enquanto rodo.

A terra cedeu, já não sinto meus pés e o vento me toma em golpes de ar e suspiros enquanto as luzes abandonam minha consciência. Tudo que sou são estações que florescem e padecem rodando 1 2 3, 1 2 3, 1 2 3. Girando e cirandeando1 2 3, 1 2 3, 1 2 3. Num ciclo que se apresenta esboçado, entre bordados e curvas, nas bordas do vestido de peso aparente, mas que se levanta levemente.

Enquanto giro.     

Nenhum comentário:

Postar um comentário